7.3.18

John Freeman sobre Kamila Shamsie





«[“Conflito Interno”] é uma explosiva história do denominado terrorismo interno no Reino Unido que está ligado ao Daesh. Apesar de ser inspirado pelas manchetes dos jornais, o livro recolhe a sua estrutura de uma história muito antiga: Antígona. Tal como na peça de Sófocles do século IV a.C., o romance de Shamsie gira em torno das lealdades em conflito no lar e na nação. Na versão de Shamsie, três filhos de ex-jihadista com ligações ao Paquistão aventuram-se pelo mundo. Isma, com um visto, tornou-se uma académica de sucesso nos Estados Unidos; Aneeka estuda em Inglaterra com o objectivo de vir a ser advogada; e Paravaiz – ao contrário das suas irmãs – vagueia, perdido, tendo que, como escreve Shamsie, “aprender o que significa ser um homem”. (…)

Enquanto escrevia, Shamsie ponderava as vantagens e os perigos de utilizar um texto clássico como base para abordar problemas contemporâneos. “A minha Antígona não podia ser a mesma Antígona de Sófocles. Eu tinha de encontrar uma história pare ela, uma forma para ela, uma linguagem para ela, uma personagem para ela, dentro deste mundo contemporâneo. A ideia de que existe alguma coisa acerca dos seres humanos que transcende o momento histórico em que eles se encontram ou que não é profundamente definida por ele é algo que não aceito. E creio que é por isso que nos meus livros as personagens estão sempre a enfrentar os momentos históricos.”» [John Freeman, ípsilon, Público, 27/8/2017. Texto completo aqui.]

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