10.11.17

A chegar às livrarias: Poemas, de John Donne (Tradução e Prefácio de Maria de Lourdes Guimarães e Fernando Guimarães )




John Donne nasceu em 1572 no seio de uma família católica. Após uma educação convencional em Hart Hall, Oxford, pertenceu ao Lincoln’s Inn e, em 1597, participou numa expedição militar com o conde de Essex aos Açores.Casou em segredo com Anne More em Dezembro de 1601. Dois meses depois foi encarcerado na Prisão de Fleet por ordem do pai de Anne More.Foi ordenado sacerdote em Janeiro de 1615, e, em Abril do mesmo ano, recebeu um doutoramento honorário em Teologia em Cambridge.Em 1621 foi nomeado reitor da Catedral de St. Paul, em Londres, posição que manteve até à morte, em 1631.Ficou famoso pelos sermões que pregou nos seus últimos anos, e sobretudo pelos poemas que deixou.

O PARADOXO
Nenhum amante diz: “Eu amo”, nem outro qualquer
pode julgar‑se como um amante perfeito;
ele pensa que ninguém mais pode amar e não aceita
que alguém ame a não ser ele:
não posso dizer que amei, pois quem pode afirmar
que ontem foi assassinado?
O amor mata com todo o seu calor mais o jovem que o velho,
a morte mata com demasiado frio;
morremos só uma vez e o último a amar morreu,
aquele que o disse duas vezes, agora jaz:
pois ainda que pareça mover‑se a sua agitação
será um erro dos nossos sentidos.
Tal vida é como a luz, que ainda continua
quando a luz da vida se extingue,
ou como o calor que o fogo no que tinha incendiado
deixa atrás de si, algumas horas mais tarde.
Amei uma vez e morri; e agora sou
o meu epitáfio e o meu túmulo. Aqui os mortos
pronunciam as últimas palavras e eu também;

morto por amor, vede, aqui jazo.

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