29.9.17

A chegar às livrarias: Este Ofício de Poeta, de Jorge Luis Borges (trad. Telma Costa)





«Este Ofício de Poeta é uma introdução à literatura, ao gosto e ao próprio Borges. No contexto das suas obras completas, só tem comparação com Borges, oral (1979), que contém as cinco palestras — de âmbito um tanto mais estreito do que estas — que ele proferiu em maio-junho de 1978 na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. Estas Palestras Norton, anteriores em uma década a Borges, oral, são um tesouro de riquezas literárias que nos chegam sob formas ensaísticas, despretensiosas, muitas vezes irónicas, sempre estimulantes.» [Do Posfácio]

A chegar às livrarias: Jack e Alice e Amor e Amizade, de Jane Austen (trad. de Frederico Pedreira e Inês Dias)





Jack e Alice (1787) e Amor e Amizade (1790) são novelas que permitem conhecer o início de Jane Austen como escritora.
Nestes escritos adolescentes, podemos ver o seu sentido de humor, a atenção ao que de ridículo existe nas relações sociais e o distanciamento da ficção sentimental. Observamos ainda o modo como Jane Austen procurava as palavras mais certeiras, as mudanças de atitude em relação às personagens e ao estilo, o pendor para os jogos de palavras e a subtileza da imaginação.
G. K. Chesterton considerou a jovem Austen “naturalmente exuberante” e colocou-a na tradição de Rabelais e Dickens. Virginia Woolf sublinhou igualmente o humor dos seus primeiros escritos, “talentosos, acessíveis, repletos de humor, que se conjuga com a inteira liberdade para o nonsense”.
Desde os onze anos, Jane Austen construiu-se deliberadamente como autora. Passou a limpo vinte e sete histórias precoces em três cadernos, incluindo uma história paródica de Inglaterra, que escreveu com apenas quinze anos.

O fim dos seus escritos juvenis é habitualmente identificado com Lady Susan (1793-94), um romance epistolar como Amor e Amizade e igualmente pensado como divertimento para a sua família. Mas Jack e Alice e Amor e Amizade não são exemplos de aprendizagem, mas obras que possuem valor próprio.

A chegar às livrarias: Uma História de Xadrez, de Stefan Zweig (trad. de Ana Falcão Bastos)





Uma História de Xadrez foi concluída por Stefan Zweig quando estava exilado no Brasil e enviada ao seu editor americano apenas alguns dias antes do seu suicídio em 1942. É a única obra em que Zweig aborda a questão do nazismo.
O narrador viaja de navio de Nova Iorque para Buenos Aires e toma conhecimento de que a bordo segue também o arrogante campeão mundial de xadrez Mirko Czentovic.
Ele e um seu companheiro ocasional atraem-no para um jogo. Mas a derrota chega rapidamente ao vigésimo quarto lance.
Mas quando, pedindo a desforra, iam ser novamente vencidos, um homem aproxima-se, aconselhando-lhes jogadas que mudam a sorte do jogo. 

E rapidamente a história adquire a força dramática do suspense e da reflexão.

27.9.17

A chegar às livrarias: Dizer Não não Basta, de Naomi Klein (trad. de José Miguel Silva)





Neste livro, Naomi Klein expõe as forças que explicam o sucesso de Donald Trump, mostrando que não se trata de uma aberração mas sim de um produto dos nossos tempos — imagens de marca de reality shows, obsessão pelas celebridades e por CEO, Vegas e Guantánamo e banqueiros gananciosos— tudo em um.
A autora expõe também a sua opinião sobre como podemos quebrar estas políticas de choque, contrariar o caos e a divisão que hoje imperam, e alcançar o mundo de que precisamos.
Dizer Não não Basta é um dos dez livros da longlist do National Book Award de Não Ficção.

«Naomi Klein escreveu um guia de esperança para a pessoa comum. Leiam este livro.» [Arundhati Roy]

«Urgente, oportuno e necessário.» [Noam Chomsky]

«(…) Este livro é um manual para nos emanciparmos através da única arma de que dispomos contra a misantropia organizada: a desobediência construtiva.» [Yanis Varoufakis]


«Naomi Klein é magnífica, e neste livro formulou uma solução contra o pesadelo hegemónico que, caso não seja tratado, nos irá destruir a todos.» [Junot Díaz]

26.9.17

Em breve nas livrarias: A Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein (trad. Margarida Periquito)





Gertrude Stein era uma jovem escritora de 28 anos quando, em 1903, regressou a Paris e aí passou a residir com o seu irmão Leo.
Em 1907, chegou à capital francesa Alice B. Toklas, igualmente originária de uma abastada família californiana. 
Conheceram-se e Alice Toklas tornou-se assistente de Gertrude e depois sua companheira.
A sua vida parisiense passava-se na Rue de Fleurus, onde sábado à tarde recebiam escritores e pintores no salão da casa de Gertrude.
Picasso era visita frequente, com a sua «relinchante risada espanhola», assim como Cézanne, Matisse, Juan Gris, Scott Fitzgerald, Apollinaire, Cocteau, Pound e Hemingway.
Como diz Alice Toklas, «os génios vinham para conversar com Gertrude Stein» e «as mulheres faziam sala comigo».
Este livro é de facto a autobiografia de Gertrude Stein, escrito do aparente ponto de vista de Alice Toklas, e está repleto de histórias sobre os escritores e pintores que conheceu nessa época, uma crónica dos agitados anos artísticos e literários parisienses do começo do século xx. O estilo é audacioso, cúmplice e sarcástico. Foi escrito em apenas seis semanas em 1932.

«Agarra o leitor com a sua informalidade, ritmo compassado, humor inesperado e sagacidade.» [The Sunday Times]


PVP: € 16,00

De Gertrude Stein a Relógio D'Água publicou também Paris França.

25.9.17

A chegar às livrarias: Vale Abraão, de Agustina Bessa-Luís (prefácio de António Lobo Antunes)





«As suas personagens não eram bonecos vestidos de ideias que em lugar de pensarem os sentimentos eram pensadas por eles, usava nexos afectivos, não racionais, as suas obras não obedeciam a uma ordenação lógico-discursiva, obedeciam a uma tumultuosa ordenação do caos, a inteligência não era apanágio do autor, era uma característica da escrita, no sentido em que as palavras solucionavam a tessitura de acordo com uma implacável lógica interna, não nos conduzia a parte nenhuma, mergulhava-nos em nós mesmos dando-nos a conhecer o nosso caos interior, descodificando-o e mostrando-nos a sua complexa simplicidade
(parece um paradoxo mas não é)

e construiu uma obra única de catalogação do mundo, uma aprendizagem das luzes e das trevas da qual saímos como quem desperta de um sonho, devorados pela prosa, reduzidos às cinzas de um fogo que nos devolve inteiros a nós mesmos. Aprende-se com ela como as trevas são claras e como tudo é excepcional.» [Do Prefácio]

21.9.17

Obra de Agustina Bessa-Luís na Cinemateca





A Cinemateca Portuguesa dedica a rubrica História Permanente do Cinema Português à relação da escritora Agustina Bessa-Luís com o cinema.
Com a exibição de dois filmes que adaptam a obra da escritora – Francisca, de Manoel de Oliveira, e A Corte do Norte, de João Botelho —, no dia seguinte ao do seu aniversário, 16 de Outubro, a Cinemateca associa-se à editora Relógio D’Água e às iniciativas promovidas em torno da comemoração dos 95 anos de Agustina, a propósito do relançamento de toda a obra da autora. Iniciativas que incluem ainda a preparação de uma biografia da escritora, leituras e debates na Livraria Lello, uma exposição de fotografias sobre o seu Douro e a reposição em Novembro pelo Teatro Aberto da peça Três Mulheres com Máscara de Ferro.

[Na imagem, cena de Francisca, a partir do romance Fanny Owen]

Sobre O Duplo, de Fiódor Dostoievski




«Se é verdade óbvia que Dostoievski viria a refinar processos, eliminar rudezas e colmatar lacunas composicionais, certo é que mesmo um livro de juventude como O Duplo antecipa muitos dos abismos humanos, dos remoinhos da psique que hão-de assombrar as mais consumadas realizações do escritor.
(…)
Os perseguidos e torturados, esses seres convulsos das obras tardias, têm um antepassado distante em Goliádkin. Acossado por uma duplicação de si, demasiado real para ser alucinatória, demasiado inverosímil para ser fruto do acaso, o conselheiro titular já alimenta no seu íntimo a convulsão das vidas descritas pelas obras-primas da fase final da obra do autor.» [Hugo Pinto Santos, revista Caliban, 2/9/17, texto completo em https://revistacaliban.net/a-figura-espelhada-6c91afcab88e ]

20.9.17

Sobre As Pessoas do Drama, de H. G. Cancela




«Há, a meu ver, dois clássicos com que as As Pessoas do Drama dialoga sem que se apresente como releitura de nenhum. De alguma forma, é difícil ler o romance de H. G. Cancela sem pensar no outro romance sobre incesto da literatura portuguesa, Os Maias de Eça de Queirós. Por outro lado, há uma encenação da Antígona que se repete durante um longo período de tempo numa das partes centrais do romance e o elo com a tragédia de Sófocles é relevante (mas talvez não exactamente vital) para ler o romance. Se falamos de ecos da tradição, há ainda o facto de uma parte da acção se passar em Roma, e isto abre espaço para uma das reflexões mais interessantes que o romance propõe, acerca da natureza da ideia de herança cultural. A noção de herança cultural corre em paralelo com outra, mais oblíqua, a da hereditariedade dos traços e comportamentos que os filhos podem herdar dos pais.
A primeira parte do romance abre com uma longa sequência sobre um homem, o narrador (nunca nomeado), que evita abertamente quase todo o tipo de contacto social e constrói uma vedação em torno da sua propriedade. Pode haver aqui – ou não – um jogo com o mito do beau sauvage. Através das preocupações filosóficas que o estruturam, podíamos dizer que H. G. Cancela é um romancista que pertence à tradição de Vergílio Ferreira. Mas As Pessoas do Drama estilhaça toda e qualquer expectativa de uma re-encenação pacífica de referências culturais que pudessem estruturar as expectativas do leitor.» [Tatiana Faia, Enfermaria 6, texto completo aqui ]

De H. G. Cancela, a Relógio D’Água publicou também Impunidade.

Hélia Correia inspira Paula Rego




Vai acontecer em breve a maior exposição de novas obras de Paula Rego numa galeria pública do Reino Unido.
A exposição, intitulada The Boy Who Loved the Sea and Other Stories, inaugura no dia 21 de Outubro, na Jerwood Gallery, e apresenta quadros, desenhos e esculturas de Paula Rego, inspirados num texto de Hélia Correia, Bastardia.
As obras, novas e algumas nunca expostas, poderão ser visitadas até 7 de Janeiro de 2018.
Mais informações em http://www.jerwoodgallery.org/…/the-boy-who-loved-the-sea-a…
[fotografia de Nick Willing]

Sobre Retalhos do Tempo, de John Banville




«Infelizmente tenho de me repetir: cada novo livro seu coloca o leitor no patamar do virtuosismo. Acabado de traduzir, não se esgota na categoria de livro de viagens, como aquele que em 2003 dedicou a Praga. Este volume de memórias de Dublin é um longo e fascinante ensaio ilustrado com fotografias de Paul Joyce. Sabíamos que Banville é sempre exemplar na forma como recorta as personagens, ficcionais ou reais (exemplos ao acaso: Newton e Anthony Blunt), mas, doravante, sabemos que estamos mesmo nos lugares que evoca. Desde Luz Antiga (2012), o admirável romance sobre a erosão do tempo que, num hábil jogo de mnemónica, mete Paul de Man na intriga, não me recordo de páginas tão certeiras como estas em que revisita a Dublin dos anos 1950, uma cidade flagelada «pela pobreza, um lugar cinzento e feio» que, mesmo assim, «não maculava os sonhos» do rapazito que o autor então era. Banville nasceu em Wexford e, como o próprio recorda, Dublin era para ele «o que Moscovo era para a Irina em Três Irmãs, de Tchékhov, um lugar mágico…» Apesar da aventura que a viagem representava (ia lá no dia de aniversário, coincidente com um feriado católico), as anotações são o exacto contrário da primeira vez que viu Paris, aos dezoito anos: passeando no Jardim do Luxemburgo, sentiu «que penetrara numa tela de Renoir ou de Raoul Dufy, ou até numa das fêtes galantes de Watteau.» As evocações têm enfoque em locais e pessoas concretas, como ruas, jardins (muitos), bibliotecas, lojas, bares, edifícios, monumentos e, sem surpresa, Yeats. Não são bilhetes postais. Banville envolve tudo num fio condutor, onde História, experiências pessoais, envios literários, tradição e anedotário compõem um quadro vivo. A história de Phoenix Park dá azo a um impressivo retrato de James Butler (1610-1688), 1.º duque de Ormonde e criador daquele que é o maior parque público da Irlanda. Não falta sequer o furto do volume da poesia completa de Dylan Thomas: «enfiei-o debaixo do casaco e saí à socapa, com as mãos a tremer…» Em suma, leitura obrigatória.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito de crítica publicada na revista Sábado, 31/8/17]

19.9.17

Sobre No Inverno, de Karl Ove Knausgård




«(…) Knausgård parece querer mostrar à filha o que pode esperar do mundo, da complexidade da natureza, das pessoas e dos seus sentimentos, porque todos “estamos entregues uns aos outros” e é preciso aprender a lidar com isso. “É estranho que existas, mas que não saibas nada de como é o mundo. É estranho que haja uma primeira vez que se vê o céu, uma primeira vez que se vê o Sol, uma primeira vez que se sente o ar na pele. É estranho que haja uma primeira vez que se vê um rosto, uma árvore, um candeeiro, um pijama, um sapato. Na minha vida isso já quase não sucede. Mas em breve voltará a acontecer. Daqui a apenas uns meses vou ver-te pela primeira vez.» 
Cada um dos textos obedece a uma mesma estrutura: o autor começa por descrever (por vezes com uma precisão quase infantil, ou como se o fizesse para um ser alienígena) o objecto ou a ideia que titula a pequena narrativa; depois tece mais umas quantas considerações, e passadas umas linhas relaciona-o com um sentimento, uma memória da sua vida (por vezes da sua infância), uma situação social, e fá-lo quase sempre com aquela singular intensidade que o caracteriza desde os seis volumes de A Minha Luta. (…)
A escrita de Karl Ove Knausgård transforma o tempo em palavras, como se com a sua subtileza de narrar, de poder introspectivo e visceral, se libertasse de incomodidades obscuras (…).» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon, 15-9-17]

18.9.17

Na morte de John Ashbery





O poeta norte-americano John Ashbery (1927-2017), um dos maiores do nosso tempo, faleceu no passado dia 3 de Setembro.
Sobre ele, Pedro Mexia escreveu na revista E de 16 de Setembro:


«John Ashbery foi duas vezes traduzido em Portugal. Em 1991, no contexto dos encontros Poetas em Mateus, uma dezena de poetas-tradutores (entre os quais Joaquim Manuel Magalhães e Pedro Tamen) produziram uma pequena antologia, “Uma Onda e outros poemas” (Quetzal), editada no ano seguinte, com revisão e apresentação de João Barrento. Em 1995, saiu “Auto-retrato num Espelho Convexo e outros poemas” (Relógio D'Água), um volume mais expansivo, com tradução e posfácio de António M. Feijó. É interessante recordar as qualificações e precauções que os tradutores entenderam necessárias, e que de facto são, acentuando a dimensão estranha, bizarra, hermética. Barrento destaca na poesia de Ashbery o “descentramento, a deriva do sentido, a suspensão da significação ou a insistência no aparentemente insignificante (...), do acidental e do contingente (…)”, enquanto Feijó escreve que em muitos destes poemas encontramos “uma sistemática disjunção que ilude qualquer coerência ou coesão semântica”. Embora frequentemente autobiográfico, Ashbery não é um poeta “confessional”, e a sua poesia tem qualquer coisa de refutação das ingenuidades confessionais. Em vez de “poesia da experiência”, é uma poesia da “experiência da experiência”, um vaivém tumultuoso da consciência e da memória, meio Proust, meio inventário caótico. Esses “devaneios”, como lhes chama Feijó, tornaram-se cada vez mais absurdos no Ashbery das últimas, e abundantes, décadas, deslumbrado com o incessante fluxo de informações imagéticas e linguísticas a que estamos sujeitos. Porque um poema de Ashbery é “hermético” na medida em que é a apoteose de um “eu” ultraconsciente, hiperamnésico, e talvez intransmissível; ao mesmo tempo, é justamente a absoluta singularidade desse “eu” que faz com que sejamos convocados para essa espécie de linguagem privada, que na nossa cabeça completamos, associamos, interrogamos, tomamos como nossa. A poesia de Ashbery pode fazer sentido na medida em que é um “modo de vida”, tão misterioso e fascinante como o nosso modo de vida, e por isso de algum modo semelhante ao nosso. Um poema da colectânea “The Double Dream of Spring” (1970), que cito na tradução de António Feijó, diz isto, que parece agora ainda mais elegíaco, ainda mais confiante: “Somos felizes no nosso modo de vida. / Não faz muito sentido para os outros. Sentamo-nos para aqui,/ Lemos, e andamos irrequietos. Por vezes é altura/ de baixar a escura persiana sobre tudo isto. / A entidade que somos revolve num transe auto-induzido/ Como o sono. Sem ruído o nosso viver pára/ E entra-se como que num sonho / Nesses domínios respeitáveis onde a vida é imóvel e viva (…)”.»

A chegar às livrarias: Desespero, de Vladimir Nabokov (trad. Telma Costa)





«O sol teve tempo para se pôr, dando na sua descida uns retoques a sanguínea nas nuvens sobre o monte pirenaico que tanto se parece com o Fujiyama. Tenho estado aqui sentado num estranho estado de exaustão, ora a ouvir o vento que corre e fustiga, ora a desenhar narizes na margem da página, ora dormitando numa vaga sonolência para depois me sobressaltar, todo a tremer. E de novo havia de crescer em mim aquela sensação de picada, o insuportável zunido… e a minha vontade murcha num mundo vazio… Tive que fazer um grande esforço para acender a luz e meter um aparo novo. A ponta velha partiu­‑se e dobrou­‑se e agora parece o bico de uma ave predadora. Não, isto não é a agonia da criação… é uma coisa muito diferente.»


«Uma obra arrebatadora.» [Martin Amis]

15.9.17

A chegar às livrarias e à Feira do Livro do Porto: Mr Fox, de Helen Oyeyemi (trad. de Ana Falcão Bastos)





É uma tarde soalheira de 1938, e Mary Foxe está com um humor agressivo. St John Fox, um romancista célebre, já não a vê há seis anos. Por isso, não está preparado para a tarde em que ela o visita, mais não seja porque ela não existe. Está apaixonado por ela. Mas foi ele que a inventou.
“És um patife”, diz-lhe ela. “Um assassino em série… Estás a entender?”
Estará Mr Fox à altura do desafio da sua musa? Conseguirá deixar de assassinar as suas heroínas e explorar algo mais próximo do amor? O que irá a sua esposa Daphne pensar dessa súbita mudança no seu marido? Poderá desta vez existir um final feliz?

«As personagens de Oyeyemi quase dançam nas páginas dos seus livros. Este é o seu melhor romance até à data.» [Independent on Sunday]

«Não é apenas um romance profundamente imaginativo. Está repleto de inteligência e sabedoria. O seu melhor livro até hoje.» [Metro]

«Cómico, profundo, chocante, complexo e emotivo.» [Guardian]

14.9.17

Bastardia, de Hélia Correia, nas obras de Adriana Varejão e Paula Rego





De 2 de Setembro a 4 de Novembro, a Carpintaria — espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro — expõe trabalhos de Adriana Varejão e Paula Rego (quatro telas e um grande móbile) que se debruçam sobre dois textos: Primo Basílio, de Eça de Queirós, e Bastardia, de Hélia Correia.

Mais informações em http://fdag.com.br/exposicoes/paula-rego-e-adriana-varejao/

George Saunders na corrida ao Man Booker 2017





Lincoln no Bardo, de George Saunders, é um dos seis títulos na shortlist do Man Booker 2017.
A obra, editada em Portugal pela Relógio D’Água, é o primeiro romance do autor (tradução de José Lima).
Da shortlist fazem parte autores como Ali Smith ou Paul Auster.
O vencedor será anunciado dia 17 de Outubro.

13.9.17

ADOECER, de Hélia Correia, pelo Teatro O Bando, no CCB





De 15 a 18 de setembro, está em cena na Sala de Ensaio do CCB a peça Adoecer, a partir do romance homónimo de Hélia Correia, uma interpretação pelo Teatro O Bando, com dramaturgia e encenação de Miguel Jesus e cenografia de Rui Francisco.



A adaptação ao teatro permite um mergulho na vida de Elizabeth Siddal, a modelo, pintora e poetisa que intrigou a sociedade inglesa vitoriana com a estranheza da sua relação amorosa com o pintor e poeta Dante Gabriel Rossetti, na segunda metade do século XIX.


Jaime Rocha e Ana Teresa Pereira na lista de semifinalistas do Prémio Oceanos





Com Escola de Náufragos e Karen, respectivamente, os escritores Jaime Rocha e Ana Teresa Pereira fazem parte da lista de semifinalistas do Prémio Oceanos 2017, que reúne obras de ficção e poesia em língua portuguesa editadas em 2016.

12.9.17

Sobre A Sibila, de Agustina Bessa-Luís




«A reedição planificada da obra ficcional da autora é um acontecimento. Ainda que não publique nenhum romance inédito desde 2006, Agustina continua sendo a maior escritora portuguesa viva. Razão de sobra para saudar a 31.ª reedição de A Sibila, obra-prima que em 1954 provocou ondas de choque no meio literário, tendo recebido de imediato os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Não esquecer que Agustina foi, antes da queda da ditadura, a única autora de Direita respeitada por críticos de todos os quadrantes ideológicos, posição que mantém mesmo em democracia, sem ter abdicado das suas convicções e nunca se esquivando a militância activa. Com A Sibila, a literatura nacional ganhou uma personagem carismática, essa Quina que nos perturba «desde o alvorecer da razão», mulher indómita adoptada por sucessivas gerações de leitores. A acção do romance decorre na região de Amarante, na casa da Vessada (arrasada pelo fogo em 1870, mas reconstruída), entre meados dos séculos XIX e XX. A narrativa encontra-se pontuada, aqui e ali, por factos reais: a Revolução da Patuleia, o advento da República, etc. Se não leu, tem agora oportunidade. Os clássicos são sempre actuais.» [Eduardo Pitta, sobre A Sibila, no blogue Da Literatura, 7-9-2017]

11.9.17

Sobre Poemas Escolhidos, de Yorgos Seferis





«Por mais paradoxal que possa parecer, a poesia de Yorgos Seferis, que viveu e escreveu em pleno tumulto do século XX, contém apelos e problematiza questões que se podem aproximar desse estado de coisas antes de haver Estado — como nesse tempo imemorial do Minotauro, no poema de Sena, e de outros monstros, humanos ou não. Numa das composições recolhidas em Poemas Escolhidos, escreve Seferis: «nem eu sabia para onde olhar, sem pátria/ eu que combato aqui em baixo» (p.39). E uma pátria esfacelada, não equivalerá ela a uma pátria antes das pátrias e dos Estados? Territórios da luta pela sobrevivência, lugares da desolação, sem qualquer centro aglutinador, onde corpos se esforçam pela manutenção do sangue da vida.» [Hugo Pinto Santos, Revista Caliban, 26-08-2017]

8.9.17

Sobre A Sibila, de Agustina Bessa-Luís




«Há livros inesquecíveis? Uma mão-cheia. Há romances capazes de provocar uma rutura no cânone? Poucos. Há personagens com gravitas suficiente para criar descendência literária? Alguns. E Agustina Bessa-Luís atingiu, ao correr de escrita ornamentada, implacável e ferozmente inteligente, todos estes feitos em A Sibila, um dos seus primeiros romances. História de mulheres encurraladas perante pequenos ou patriarcais poderes rodeadores, que vivem, à sua maneira, mudanças sísmicas como as da transição da ruralidade protegida em que nasceram para a sociedade burguesa, despachada, bem-falante e surda face ao património – de pedra ou de espírito. (…)
Passados 63 anos, este romance mantém intactos poder e fascínio. Narrativa precursora do discurso feminino – e literário –, recria um mundo fechado, emergido a meio do século XX, que vive a vida como um bordado: intenso, intrincado, íntimo, distante do largo pano de fundo global que enfrenta, por exemplo, o advento da República ou a primeira guerra mundial.» [Sílvia Souto Cunha, Visão, 28-8-17]

7.9.17

Sobre As Artes do Sentido, de George Steiner




«A obra reúne seis ensaios de George Steiner, nunca publicados em Portugal e que saíram em revistas académicas: “Narciso e Eco”, “Uma Leitura bem Feita”, “‘A Tragédia’, Reconsiderada”, “A Longa Vida da Metáfora”, “O Crepúsculo das Humanidades” e “Quatro Poetas: A Arte de Fernando Pessoa”. 
(…)

Como o diz Anabela Mendes, no posfácio desta obra, «Para ler Steiner como ele merece, temos de tirar férias da vida.» A dimensão da sua obra e a sua importância, ao longo de um século que foi, por ele, atravessado com a sua visão lúcida, humanista e ética, não permite que os seus textos sejam tomados de ânimo leve, pois concentram uma tradição crepuscular, na linhagem dos grandes mestres do século XX.» [Maria João Cantinho, Revista Caliban, 5-8-2017]

6.9.17

A chegar às livrarias e à Feira do Livro do Porto: Húmus, de Raul Brandão




Húmus, de Raul Brandão, foi um acontecimento insólito na vida literária portuguesa, como um desses rochedos que, sem razão aparente, surgem no meio de uma planície.
Publicada em 1917, e refundida em posteriores edições, a obra não tem relação com a dos autores da Geração de 90 nem com as dos escritores estrangeiros seus contemporâneos, como Romain Rolland, Pirandello e Gorki. As únicas semelhanças poderão ser com a de Dostoievski e a que Kafka ia escrevendo.
O próprio Raul Brandão situou nas suas Memórias o tempo em que o Húmus se inscreve: «A nossa época é horrível porque já não cremos — e não cremos ainda. O passado desapareceu, de futuro nem alicerces existem. E aqui estamos nós sem tecto, entre ruínas, à espera…»
Maria João Reynaud definiu na edição das Obras Completas de Raul Brandão o contributo do autor de Húmus: «Se a arte de Raul Brandão surge muitas vezes na fronteira da vida com a literatura, é porque ele concebeu a função do escritor em termos autenticamente modernos, isto é, em íntima conexão com uma atitude intelectual que a cada momento reivindica o livre exercício do espírito contra todas as formas de degradação dos valores humanos e contra todos os dogmas.»


PVP: € 10,00

5.9.17

A chegar às livrarias e à Feira do Livro do Porto: Uma Mulher na Arábia, de Gertrude Bell (trad. de Marta Mendonça)





Uma das maiores viajantes do século XX, Gertrude Bell voltou costas aos privilégios sociais para se tornar uma célebre viajante, montanhista, estadista, linguista, arqueóloga, fotógrafa e escritora. Foi responsável pelas políticas britânicas no Médio Oriente após a Primeira Grande Guerra, dedicando a sua vida à questão árabe, a ponto de redefinir as fronteiras que constituem hoje o Médio Oriente.

Este livro reúne uma seleção da sua correspondência privada e militar, entradas de diário e escritos de viagem que oferecem ao leitor um olhar íntimo sobre uma mulher que moldou nações. Deu origem ao documentário Cartas de Bagdade e ao filme Rainha do Deserto, realizado por Werner Herzog e protagonizado por Nicole Kidman, James Franco e Robert Pattinson.

Sobre Retalhos do Tempo, Um Memorial de Dublin, de John Banville




«É uma memória para indagar acerca da misteriosa questão de como o passado se transforma em passado, a pergunta que atravessa o mais recente livro do escritor irlandês John Banville, Retalhos do Tempo, Um Memorial de Dublin, que a Relógio d’Água publica agora na sua colecção de viagens. Esta é uma viagem à volta da identidade, umas memórias escritas numa forma que desafia o género enquanto o questiona e se questiona a si na vida. No livro, Banville vai atrás da cidade do passado como quem se procura nela e, ao formular o enunciado “Quem foi?”, tenta chegar à reposta a outra pergunta: quem é? O que é que os edifícios que vê, os jardins e as ruas por onde continua a caminhar, a água que corre nos canais em direcção ao rio Shanon lhe devolvem sobre si? Evocando Proust, Banville procura na cidade perdida um tempo perdido e constrói um livro de memórias singular onde o protagonista — o próprio Banville — quase se apaga, aparecendo episodicamente, muitas vezes de modo quase fantasmagórico, na história da sua relação com aquela paisagem urbana. (…)
São pouco mais de 200 páginas, pontuadas por fotografias, quase todas a preto e branco, da autoria de Paul Joyce. São quase todas imagens da cidade; Banville aparece apenas em três, e sempre de costas. Na primeira, olha o canal junto a uma árvore. Chapéu na cabeça, mãos nos bolsos. Talvez seja Primavera. A roupa é leve e as copas de todas as árvores em volta estão repletas de folhas. “Imagino que todos possuamos um lugar especial que constitua uma espécie de paraíso privativo, o Céu para onde gostaríamos de ir depois da morte, se é que temos de ir para algum lugar. Para mim, aquele trecho de água plácida e juncos rumorejantes, com o caminho de sirga ocre-escuro que vai desde a Baggot Street até à Lower Mount Street, é a paisagem mais encantadora que conheço”, escreve Banville, confessando logo no início que Dublin nunca lhe pertenceu.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 1-9-2017]

4.9.17

A chegar às livrarias e à Feira do Livro do Porto: Maigret e o Seu Morto, de Georges Simenon (trad. de Lima de Freitas)





«— Desculpe, minha senhora…
Ao cabo de muitos minutos de pacientes esforços, Maigret conseguia, finalmente, interromper a visita…
— A senhora, agora, diz que a sua filha está a envenená­‑la lentamente…
— É a pura verdade…
— Há pouco, a senhora afirmou­‑me com não menos veemência que o seu genro tratava de se cruzar com a criada, no corredor, para deitar veneno no café da senhora ou numa das suas numerosas tisanas…
— É a pura verdade…
— Todavia… — consultou ou fingiu consultar as notas que tomara no decurso da conversa, a qual durava havia mais de uma hora — a senhora informou­‑me, para começar, que a sua filha e o seu marido odiavam­‑se…
— É a pura verdade, Sr. comissário.
— E concordam ambos em suprimir a senhora?
— Não, de maneira nenhuma! Eles querem envenenar­‑me separadamente, compreende?…»

“Um dos maiores escritores do século XX.” The Guardian 

“Adoro ler Simenon. Faz-me lembrar Tchékhov.” William Faulkner


“Um Escritor maravilhoso… Lúcido, simples, em perfeita sintonia com o que escreve.” Muriel Spark

Apresentação de Uma Volta ao Mundo com Leitores, de Sandra Barão Nobre




Na quinta-feira, 7 de Setembro, às 19:00, será apresentado ao público Uma Volta ao Mundo com Leitores, de Sandra Barão Nobre.
No âmbito das actividades da Feira do Livro do Porto, a apresentação terá lugar na Galeria Municipal do Porto e será feita por Dália Dias. 

A sessão conta com a presença da autora.

Apresentação da obra de Agustina Bessa-Luís




A obra de Agustina Bessa-Luís vai ser abordada numa sessão a realizar na Galeria Municipal do Porto, nos Jardins do Palácio de Cristal, no dia 9 de Setembro, pelas 17h45.
A iniciativa insere-se na Feira do Livro do Porto, tendo a participação de Mónica Baldaque, escritora, ilustradora e filha de Agustina, que abordará em particular o inédito Deuses de Barro, que irá sair com um prefácio seu, e o livro infantil Dentes de Rato, que ilustrou.
As professoras Isabel Pires de Lima e Ana Paula Coutinho, estudiosas da obra de Agustina Bessa-Luís e participantes do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, falarão sobre diversos aspectos da obra da autora.