21.8.17

Sobre Baixo Contínuo, de Rui Nunes





«Fortemente implicada numa mais afectada reflexão da actualidade e da própria crise e tensão que significa reunir os estilhaços de um momento contemporâneo, a obra de Rui Nunes rejeita a superfície, e cose-se num nível em que cada um dos elementos que participam na sua materialização da linguagem estão sensíveis, feridos e frágeis tanto como truculentos. Não lhe cabendo sequer a assistência das frases que escreveu antes, o escritor fez-se acompanhar de um gangue requintado de gente que faz barulho nos andares de cima, para os velhos que pousavam a agulha como aviso para a morte de que faltava pouco, mas ainda assim o mais difícil: J. S. Bach, Beethoven, Boulez e Stockhausen. A música atonal vai aqui impor outro firmamento, furos nesse manto negro sobre as nossas cabeças, estrelas para alguém que não busca uma direcção mas empreende uma escavação através dessa vertigem da qual não há regresso.» [Diogo Vaz Pinto, i, 2/7/17]

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