30.12.16

Sobre Viagem ao Centro da Terra , de Jules Verne




«E se o mítico túnel de Snæfellsjökull, na Islândia, levasse mesmo ao centro da Terra? Essa é a hipótese para uma vida dedicada a explorar a aventura de Lidenbrock e Axel pela escuridão interrompida por bolas de fogo, ilhas incandescentes, torrentes de lava, grutas infernais e riscos permanentes. Se isto não é aventura, estamos perdidos.» [Ler, Inverno de 2016]

Sobre O Dom, de Vladimir Nabokov




«Na altura em que O Dom foi escrito, o narrador escrevia ainda “a nossa literatura” referindo-se à literatura russa – vem no primeiro parágrafo. Na verdade, trata-se do derradeiro “romance russo” (escrito em 1935 e 1937) de Nabokov. A tradução de Carlos Leite é magnífica e sedutora.» [Ler, Inverno de 2016]


De Vladimir Nabokov a Relógio D’Água publicou também Aulas de Literatura, Ada ou Ardor, Lolita, Convite para Uma Decapitação, Pnin, Riso na Escuridão, Fala, Memória, A Verdadeira Vida de Sebastian Knight, Fogo Pálido, Rei, Dama, Valete e Opiniões Fortes.

29.12.16

Sobre O Cartel, de Don Winslow





«O mundo do narcotráfico transformou-se em “objeto de fantasia”, como estrela televisiva e literária desde que a ficção americana lhe deitou a mão (esquecendo os pioneiros, mexicanos e colombianos hoje ignorados); é a moda mais corrente de folhetim televisivo. Don Winslow é um dos guionistas dessa nova guerra que assola a América e não escolhe inocentes.» [Ler, Inverno de 2016]

Sobre Todos os Caminhos Estão Abertos, de Annemarie Schwarzenbach




No programa Livro do Dia, Carlos Vaz Marques falou sobre Todos os Caminhos Estão Abertos, de Annemarie Schwarzenbach. O programa pode ser ouvido aqui.

Sobre Um Diário de Preces, de Flannery O’Connor




No passado domingo, 18 de Dezembro, a Capela do Rato, em Lisboa, recebeu Um Diário de Preces, de Flannery O’Connor, numa encenação de Miguel Loureiro e interpretação de Isabel Abreu.


«Um Diário de Preces é um texto curto, escrito na intensidade dos 22 anos de Flannery, que oscila “entre a metafísica e a terapêutica”. É um diálogo em luta com Deus e com as próprias contradições interiores, de quem se sente dividido entre aquilo que deseja ser e aquilo que realmente é. Mas também de quem tenta descobrir os verdadeiros desejos de Deus para si mesma. O mesmo Deus a quem Flannery se dirige, pedindo que a ajude a ser uma boa escritora, ou a saber como rezar ou a ser grata ou a adorá-l’O.» [António Marujo, no blogue Religionline]

28.12.16

Sobre O Amigo Comum , de Charles Dickens




«A primeira impressão que a leitura de O Amigo Comum suscita no leitor é a de que está perante um escritor genial no domínio completo das suas virtudes (estilísticas, intelectuais, etc.). O virtuosismo exibido por Dickens em certas páginas sugere a comparação com um malabarista a fazer a sua arte em cima de um TGV na sua velocidade máxima, enquanto avalia criticamente as paisagens por onde passa, o progresso tecnológico e as políticas económicas responsáveis pela inflação do preço dos bilhetes. Diga-se, também que essas virtudes são perceptíveis graças à tradução exemplar de Maria de Lourdes Guimarães.» [Jorge Almeida, Observador, 18/12/2016]


De Charles Dickens, a Relógio D’Água publicou também David Copperfield, História em Duas Cidades, Tempos Difíceis e Um Cântico de Natal.

27.12.16

Sobre Tudo O Que Sobe Tem de Convergir, de Flannery O'Connor






«A melhor ideia editorial do ano foi, sem dúvida, a de juntar nove dos melhores contos de Flannery O’Connor com uma tradução e posfácio irrepreensíveis de Rogério Casanova.» [João Pedro Vala, Observador, 18/12/2016]


De Flannery O’Connor a Relógio D’Água publicou também Um Diário de Preces, o romance O Céu É dos Violentos, e Um Bom Homem É Difícil de Encontrar e Outras Histórias.

Sobre Em busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust




«Um top 5 dos melhores livros publicados em Portugal que pretenda ser justo teria que colocar nos cinco primeiros lugares cinco volumes do romance de Proust. O mundo divide-se em dois tipos de pessoas: aquelas que acham que é possível definir o mundo subdividindo-o em dois grupos descritos em menos de vinte palavras e as que percebem que não podemos compreender completamente o que quer que seja nem que dediquemos a essa tentativa mais de três mil e setecentas páginas. Proust está neste segundo grupo. E é por isso que é um dos melhores escritores de sempre.» [João Pedro Vala, Observador, 18-12-2016]

23.12.16

A Relógio D’Água nos Balanços do Expresso e do Público




No balanço anual da actividade literária e ensaística, saído no suplemento Ípsilon do Público, a Relógio D’Água é a editora com mais obras escolhidas (cinco).
A Minha Luta: 4 – Dança no Escuro de Karl Ove Knausgård aparece em 4.º lugar, ex aequo; Escola de Náufragos de Jaime Rocha, em 6.º; e Karen, de Ana Teresa Pereira, em 10.º, ex aequo.
Isto na Ficção, em que surge em primeiro lugar Não Se Pode Morar nos Olhos de Um Gato, de Ana Margarida de Carvalho.
Na Não-Ficção, Rebuçados Venezianos, de Maria Filomena Molder, está em 5.º lugar, numa lista encabeçada pela tradução da Bíblia em grego feita por Frederico Lourenço.
Na Poesia, A Crisálida, de Rui Nunes, é escolhida numa série de dez títulos, onde é destacado Letra Aberta, de Herberto Helder.
No suplemento E, do Expresso, oito críticos literários escolhem, cada um deles, dez títulos, apresentando referências avulsas a outras obras.
Da Relógio D’Água são destacados oito obras: Para lá das Palavras de Carl Safina por Ana Cristina Leonardo; Todos os Contos de Clarice Lispector, por José Guardado Moreira; Morrer Sozinho em Berlim de Hans Fallada e Ficar na Cama e Outros Ensaios de G. K. Chesterton, por Luís M. Faria; Até já não É adeus de Cristina Carvalho, por Luísa Mellid-Franco; A Crisálida de Rui Nunes e Karen de Ana Teresa Pereira, por Manuel de Freitas; e Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? de Philip K. Dick, por Pedro Mexia.







Sobre As Muitas Faces dos Anonymous de Gabriella Coleman




«Numa altura em que muito se tem falado do papel dos media, das notícias falsas, da pós-verdade, do papel das redes sociais na difusão de informação, As Muitas Faces dos Anonymous é um livro fascinante. Não porque aborde estes temas em particular, mas porque fala de um grupo tão complexo que os media raramente o conseguem explicar, o que os torna alvos fáceis das tais notícias falsas e pós-verdade. Mas deixemos estes palavrões de lado e falemos do livro de Gabriella Coleman.
Quem são os Anonymous? Coleman, antropóloga cultural, precisou de um livro inteiro, e anos de investigação e vivência no meio de alguns Anonymous, para o conseguir explicar. E mesmo assim haverá sempre pontas soltas, porque uma das bases dos Anonymous é precisamente a sua rejeição da organização. Não quer dizer que os seus membros não se organizem em grupos para levar a cabo certas acções, que às vezes atraem centenas de participantes, mas enquanto grupo, colectivo ou o que lhe quiserem chamar, os Anonymous não têm líderes, não têm canais de comunicação oficiais, não têm manifestos, não têm orientação.»

[Gonçalo Mira, no suplemento Ípsilon, do Público, 23/12/2016]



22.12.16

Sobre Escombros, de Elena Ferrante









«Hoje na Sábado escrevo sobre Escombros, de Elena Ferrante (n. 1943). Chave: “Uma história é antes o precipício das mais diversas experiências, acumuladas ao longo da vida.” Quem o diz é a autora, numa das entrevistas coligidas para a nova edição do livro de 2003 que foi agora reeditado em Itália. (…) Três itens centrais: o direito ao anonimato, a “verdade” em literatura, a defesa intransigente do feminismo. Sobre este último tópico, bem defendido do ponto de vista teórico, faz ouvir uma voz desalinhada: Temo a linearidade das militâncias, em literatura têm um péssimo efeito.” Aí está um desabafo que não seria possível nos anos 1960. Entretanto, reage com frieza à desconfiança e mesmo hostilidade que o seu anonimato suscita em Itália: “Como se o meu gesto de me subtrair fosse um comportamento ofensivo e digno de culpa.” Clareza desarmante sobre a obra: “Eu escrevo sobre experiências comuns, dilacerações comuns, e a minha máxima obsessão [é ser] capaz de tirar, camada após camada, a gaze que enfaixa a ferida, e chegar à história verídica da chaga.” O princípio não se esgota na epopeia de Elena e Lila. O mesmo tipo de preocupação matiza o diálogo que estabelece com Mario Martone a propósito do guião para cinema de Um Estranho Amor. O filme chocou-a, provocando-lhe “um grande mal-estar”, mas a carta de Maio de 1995, inacabada e nunca enviada ao realizador, é um dos momentos altos do livro. Resumindo, Escombros é uma obra decisiva para entender o fenómeno Elena Ferrante.»

[Eduardo Pitta, do blogue Da Literatura, 21/12/2016]

21.12.16

Sobre Breve História de Sete Assassinatos, de Marlon James









«Vencedora do Man Booker Prize em 2015, esta Breve História… não tem nada de breve. Com 665 páginas em letra pequena, é um longo fresco onde vão aparecendo e reaparecendo muitas vozes diferentes – membros de gangues, polícias, artistas, diplomatas, agentes da CIA, políticos, estudantes, desempregados, jornalistas –, alternando registos que vão do inglês culto ao balbuciar delirante. A narrativa arranca na Jamaica em meados dos anos 70 e expande-se a partir daí. (…) Para o leitor, há a gratificação de centenas de páginas de texto denso mas legível, geralmente coloquial e muitas vezes em dialeto (parabéns ao tradutor, que não teve tarefa fácil), onde não falta verve nem tragédia à espreita: “Sempre que entro num autocarro, há um momento em que sinto que ele vai explodir. Mas penso sempre que a explosão vai ser na parte de trás, por isso sento-me na parte da frente. Como se sentar-me à frente fosse fazer qualquer diferença.”»

[Luís M. Faria, na revista E, 17/12/2016]