21.3.16

No Dia Mundial da Poesia




«11

Vinte e oito rapazes tomam banho na praia,
Vinte e oito rapazes e todos muito amigos;
Vinte e oito anos de vida feminina e todos tão sós.

Ela tem uma linda casa junto à colina da margem,
Esconde-se, bela e ricamente vestida, por detrás dos estores.

Qual desses rapazes é que ela prefere?
Ah, o mais rústico de todos parece-lhe belo.

Para onde vais, senhora? pois estou a ver-te,
Chapinhas ali na água, mas estás imóvel no teu quarto.

A dançar e a rir ao longo da praia apareceu a vigésima nona banhista,
Os outros não a viram, mas ela viu-os e amou-os.

As barbas dos jovens reluziam e a água escorria-lhes pelos longos cabelos,
Pequenos jorros escorriam dos seus corpos.

Uma mão invisível deslizou pelos seus corpos,
Desceu trémula pelas fontes e pelos membros.

Os rapazes flutuam de costas com os seus ventres brancos protuberantes ao sol, não
perguntam quem se agarra a eles com tanta firmeza,
Não sabem quem respira e se inclina curvando-se como um arco,
Não pensam quem salpicam com a espuma.
(…)»

 
[Walt Whitman, Folhas de Erva, Tradução de Maria de Lourdes Guimarães]

 

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