26.3.12

A chegar às livrarias



«Ao contrário do seu primeiro romance [Perto do Coração Selvagem], escrito em fragmentos, saltando constantemente de uma cena para a outra, O Lustre é um conjunto coerente. Apesar de os seus extensos segmentos descreverem propositadamente acontecimentos, consistem sobretudo em longos monólogos interiores, interrompidos apenas por um singular e perturbador fragmento contendo diálogo ou acção. O livro progride em ondas lentas que se elevam, alterosas, nos momentos de revelação. As páginas entre estas epifanias são precisamente os momentos em que o livro se torna mais intolerável para o leitor, que é forçado a seguir o movimento interior de outra pessoa com um detalhe microscópico. Acostumado às epifanias, esperando estímulos e surpresas permanentes, o leitor que aborde o livro pela primeira vez depressa se sente desconcertado.
Porém, a intensidade glacial do livro exerce um fascínio particular.
(…) Só quando lido devagar, reflectidamente, e sem distracções, três ou cinco páginas de cada vez, é que O Lustre revela o seu carácter penetrante.» [Benjamin Moser, Clarice Lispector — Uma Vida]



A galdéria, o soldado e a criada, o jovem cavalheiro, a jovem senhora e o seu marido, este marido e a doce donzela — o segundo deixando a primeira pela terceira que sorri para o quarto e assim de seguida até ao conde que troca a actriz pela galdéria, fechando assim a ronda. O que leva estas personagens a agir assim?
Em dez breves diálogos, A Ronda apresenta-nos, com perspicaz desenvoltura, o essencial da magia do coração e dos sentidos.
Desde 1905 que circulavam rumores em Viena sobre uma obra «licenciosa» que Arthur Schnitzler teria escrito. Era A Ronda, que nenhum teatro se atreveu a encenar e começou por ser divulgada em edição de autor.
Foi preciso esperar por 1921, depois do colapso do Império Austro-Húngaro, para que a peça pudesse ser representada em Viena, causando grande escândalo.
Arthur Schnitzler nasceu em Viena em 1862. Depois de ter terminado Medicina, dedicou-se ao teatro, tendo-se tornado famoso aos 33 anos com Liebelei.
Paralelamente à sua obra de dramaturgo, escreveu várias novelas, romances e livros de aforismos, entre os quais O Tenente Gustl, A História de Um Sonho e Relações e Solidão.
Schnitzler relacionou-se com Freud, que admirava as suas obras.
O autor de A Ronda faleceu em 1931.

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