24.3.11

A Relógio D’Água nos media na semana de 21 a 27 de Março de 2011



Na Time Out Lisboa de 23 de Março, Rui Lagartinho comenta assim O Duelo, de Anton Tchékhov: «Trata-se de uma novela exemplar no ritmo com que se desenrola com intermezzos onde se discutem religião, política, rumores e costumes, a biologia pós-Darwin como factor de organização social, e até a literatura e as ideias de Tolstói ou Turguénev, pura actualidade na época.

22.3.11

A Relógio D’Água nos media na semana de 14 a 20 de Março de 2011



No suplemento «Atual» do Expresso de 19 de Março, José Mário Silva escreve sobre a «eterna angústia existencial» de Laévski, um funcionário público em crise, «típico aristocrata boémio (…) com uma certa aura de intelectual», e personagem principal de O Duelo, de Anton Tchékhov, com tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra e recentemente adaptado ao cinema.
«Escrita em 1891, esta é a mais longa das novelas de Anton Tchékhov, mas partilha com os seus celebrados contos a leveza quase imaterial do estilo. Uma a uma, as cenas sucedem-se com um ritmo perfeito, e a descrição das personagens ― tanto a física como a psicológica ― é um primor de subtileza e minúcia.»

17.3.11

Edição trilingue de Os Monstros, de Ana Teresa Pereira




De Ana Teresa Pereira, acaba de sair em Espanha a novela Los monstruos, uma edição Horizontes Insulares. Trata-se de um projecto de arte e literatura contemporânea, apoiado pelo Governo das Canárias, para divulgação de trinta e seis autores de onze territórios insulares, que vão de Cuba a Cabo Verde.
O presente volume, dedicado à Madeira, conta com ilustrações de Eduardo de Freitas.
A obra, trilingue, tem tradução para espanhol de Ricardo Pérez Piñero e para francês de Nicole Siganos.

14.3.11

A Relógio D’Água nos media na semana de 7 a 13 de Março de 2011




No Expresso de 12 de Março, no suplemento «Atual», Luís M. Faria leu Outros Quartos, Outras Maravilhas, livro de contos de Daniyal Mueenuddin, e lamenta que não exista «muita literatura paquistanesa editada em Portugal». «Este primeiro volume de histórias, com personagens recorrentes, é um retrato do país, sobretudo à luz daquilo a que vulgarmente chamamos as questões de classe. […] A atenção ao detalhe e uma construção simultaneamente cuidada e simples são idênticas em todas [as histórias].» Diz Luís M. Faria que, «com uma realidade nacional tão rica, só se requer talento e métier» e, confirmamos nós, Daniyal Mueenuddin tem ambos.

11.3.11

A Relógio D'Água nos media em Março de 2011



A revista Ler está de parabéns, comemorando com o seu último número a 100.ª edição num projecto que dura há 24 anos.
A Ler, apoiada pela Fundação Círculo de Leitores, tem sabido manter a autonomia desde o seu lançamento por iniciativa de António Mega Ferreira, que foi confirmada pela direcção de Francisco José Viegas (e Mafalda Lopes da Costa).
Reunindo alguns dos nossos mais atentos críticos literários, a Ler é um acontecimento editorial mensal.
Este número 100 trocou a crítica a obras recentes pelo espírito comemorativo. Mesmo assim, contém uma excelente entrevista a George Steiner e anuncia um encontro com os seus leitores, no Porto, para o próximo mês de Abril. Além disso, é oferecida aos leitores uma lista de cem livros que «não é um top, não é um best-of», mas condensa obras que «não podemos esquecer». Entre elas, estão dez títulos publicados pela Relógio D’Água:
Um Toldo Vermelho, de Joaquim Manuel Magalhães;
Adoecer, de Hélia Correia;
Os Poemas, de Konstandinos Kavafis (trad. de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis);
Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust (trad. de Pedro Tamen);
Folhas de Erva, de Walt Whitman (trad. de Maria de Lourdes Guimarães);
Belos Cavalos, de Cormac McCarthy (trad. de Paulo Faria);
Errata, de George Steiner (trad. de Margarida Vale de Gato);
O Leilão do Lote 49, de Thomas Pynchon;
Petersburgo, de Andrei Béli (trad. de Nina Guerra e Filipe Guerra);
Em Busca da Identidade ― O Desnorte, de José Gil.
Apesar das boas razões da Ler, não deixa de chamar a atenção o facto de o espírito comemorativo estar a invadir a vida política, editorial e jornalística portuguesa.
Nalguns casos a comemoração surge mesmo como pretexto de uma promoção adicional garantida nos media.
Ora, como escreveu Nietzsche, o excesso de consciência histórica e comemorativa é por vezes um sinal de perda de vitalidade.
Talvez por isso, a Relógio D’Água, que não comemorou os 25 anos de existência em 2008, também não vai comemorar os 30, e ainda tem dúvidas acerca do centenário.

F. V.

7.3.11

Obras escolhidas de F. Scott Fitzgerald na Relógio D'Água



As principais obras de F. Scott Fitzgerald vão ser editadas ou reeditadas durante o mês de Março.
Entre as novas edições, destacamos Crack-Up e Outros Escritos, que, juntamente com O Grande Gatsby e Terna É a Noite, é uma das mais importantes obras do autor. Terna É a Noite sairá em nova tradução (José Miguel Silva).
Entre as reedições contam-se O Grande Gatsby, O Último Magnate, Sonhos de Inverno e Outros Contos, Belos e Malditos e Este Lado do Paraíso.


Crack-Up e Outros Escritos é um auto-retrato da ascensão e queda de um grande escritor. Misturando romance e realismo, o livro conta a história do percurso que foi de um êxito brilhante ao desesperante vazio, que atingiu Scott Fitzgerald aos 39 anos. Esta colecção dos principais ensaios de Fitzgerald fala-nos de um homem com charme e talento para esbanjar, que o tornaram um símbolo vivo da era do jazz, mas cuja imprudência o levou ao declínio.




Scott Fitzgerald tinha 25 anos quando escreveu Belos e Malditos. Alguns anos antes, ao querer participar na I Guerra Mundial, passara alguns meses num desolado acampamento de Alabama onde conheceu a bela e desconcertante Zelda Sayre.
O mundo de Belos e Malditos fala-nos dessa força que atrai os belos desprevenidos para a maldição, a procura da vertigem emocional, a entrega à alegria dos sentidos, a sensação do efémero e a solidão.
«O que se expressa na obra de arte é o destino sombrio e trágico de descobrir que somos o instrumento de algo que não compreendemos, de algo de impenetrável e desconhecido», escreveu Fitzgerald a Zelda quando esta bordejava já a loucura.


«É lamentável que Scott Fitzgerald não tenha terminado O Último Magnate. Mesmo assim, penso que se irá tornar num daqueles fragmentos literários que de tempos em tempos surgem na corrente cultural e influenciam profundamente os acontecimentos futuros. A sua grande conquista, neste começo de um grande romance, foi que pela primeira vez conseguiu estabelecer uma inabalável atitude moral em relação ao mundo em que vivemos e às suas normas efémeras, que é o fundamento de qualquer poderoso trabalho de imaginação. Um firme padrão ético é algo que a escrita americana tentava alcançar há meio século.»
John Dos Passos




«Entretanto, deixe-me dizer-lhe o quanto gosto de Gatsby, ou melhor, do Seu Livro, e o grande salto que deu desta vez — em relação ao seu trabalho anterior.»
Edith Wharton

«Penso ser, de facto, o primeiro grande passo na literatura americana desde Henry James...»
T. S. Eliot



«Está a desenvolver o mundo contemporâneo tanto quanto Thackeray o fez com Pendennis e Vanity Fair e isso é um elogio. Cria um mundo moderno e uma orgia moderna, que estranhamente nunca foi feita até o fazer em Este Lado do Paraíso. A minha opinião de Este Lado do Paraíso é boa. Este é um bom livro, diferente e antigo e isso é o que se pretende. Ser ao mesmo tempo bom, diferente e antigo é sempre um prazer.»
Gertrude Stein

«Este Lado do Paraíso impregnou a década como uma canção, popular mas perfeita. Pairou sobre um movimento juvenil inteiro como um estandarte, agora um tanto descolorido e gasto pelo vento; o vento desgastou-o. Mas um livro lido por universitários é coisa rara, não pode ser futilmente ignorado num momento de austera sofisticação. Surgiram dezenas de histórias, algumas gentis, outras um pouco à toa; uma muito estranha intitulava-se “Head and Shoulders”. Eu gosto de O Grande Gatsby. É muito intemporal, pois vislumbrou em 1925 aquilo que se tornaria fora de moda uns anos mais tarde; mas eu reli-o esta semana e achei-o bom; prazer e compaixão em cada página. Há muito para dizer a favor e contra o seu último romance, Terna É a Noite. Em geral sou calorosamente a favor. Ser-se lúcido ou louco é um assunto nobre, e muito poucos romances apresentam um assunto inteligente em si. Este fá-lo e, além disso, dá-nos um justo retrato dos divertidos hábitos de vida dos expatriados.»
Glenway Wescott

Dexter era inconscientemente orientado pelos seus sonhos de Inverno. Com a idade, a natureza e a fragrância desses sonos foi-se alterando, mas a essência permaneceu.
Foram eles que o levaram a abandonar o seu emprego num campo de golfe quando Judy Jones, de onze anos, lhe pediu para ser seu caddy.
Mais tarde, Judy vai ser a bela e cruel adolescente que o submete aos seus desejos. Neste conto, como em quase todos os seus livros, Scott Fitzgerald parece descrever um baile onde escolheu a rapariga mais bela, mas ficando de fora, com o rosto colado à vidraça, atento ao menor aceno e vendo finalmente a dançarina ser arrastada para a tranquila solidez de um lar americano.
E quando sabe dela mais tarde, o espanto de a ver confundida com outras mulheres que também já foram belas ecoa como um adeus irremediável à sua juventude.
Os outros quatro contos aqui reunidos reflectem o impacto da Grande Depressão de 1929 na vida de Scott Fitzgerald, que se transmite aos seus personagens.