25.5.09

Novos Crimes Imperfeitos

A Colecção Crime Imperfeito da Relógio D’Água vai ser relançada com as obras de vários autores clássicos e contemporâneos, alguns deles prefaciados por Ana Teresa Pereira.
Entre os clássicos contam-se A Dama de Branco e A Pedra da Lua de Wilkie Collins, O Mistério do Quarto Amarelo de Gaston Leroux e Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski (traduzido do russo por António Pescada).
Dos autores recentes serão editados A Pena do Diabo, A Casa de Gelo e A Escultora de Minette Walters e A Árvore das Mãos e Um Bando de Corvos, de Ruth Rendell.
Com prefácios de Ana Teresa Pereira, sairão, alguns livros a que se poderiam chamar clássicos contemporâneos do policial, O Caso Franchise da desconcertante Josephine Tey; Que o Diabo Leve a Mosca Azul de John Franklin Bardin, que Patricia Highsmith admirava; A Mulher Fantasma de William Irish, um autor a redescobrir, e Aquele Que Murmura, de John Dickson Carr, um escritor que dispensa apresentações.


John Franklin Bardin escreveu Devil Take the Blue-tail Fly em seis semanas, enquanto ouvia, repetidamente, as Variações Goldberg. O seu filho Frank lembra-se dele, um homem muito alto, sentado numa poltrona a ler ou a ouvir música; quando se fechava no quarto onde estava a máquina de escrever, era preciso guardar silêncio, e Frank ia para fora brincar. Na casa, além dos livros, havia uma grande colecção de discos, especialmente de música clássica.
Devil Take the Blue-tail Fly é uma história de música e de loucura. No início do livro, Ellen desperta no quarto do hospital psiquiátrico que foi o seu mundo durante dois anos (por vezes chegou a acreditar que o mundo lá fora não existia). As cortinas ásperas da janela, a estante com as partituras de Bach e Handel, Mozart e Haydn, as reproduções tiradas de revistas: um desenho de Picasso, uma rapariga de cabelo castanho-avermelhado de Renoir, um severo diagrama de Mondrian, uma máquina voadora de Leonardo. Mas hoje é um dia diferente. O dia em que vai para casa. Vai deixar a ordem do hospital e voltar ao caos. Basil, o marido, vem buscá-la. Ainda é muito cedo, ainda não são seis da manhã, mas por volta do meio-dia já estará em casa e poderá tocar. Cravo. O seu instrumento. O único que permite destilar a essência da música. Ela sentada a tocar, as notas de Bach, uma segurança que vem de uma ordem diferente da que encontrou no hospital.
Do Prefácio de Ana Teresa Pereira a Que o Diabo Leve a Mosca Azul de John Franklin Bardin

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